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Publicado em 11/05/2011 | Categoria: APAC em destaque
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Prever chuvas e enchentes é uma das melhores formas de prevenir acidentes resultantes do mau tempo. Ontem, o Estado ganhou uma agência específica para monitoramento das águas, com uma sala de situação que observa o clima e alerta sobre o perigo de enchentes. Além disso, esta semana será publicado o edital de licitação para o georreferenciamento do Recife. O processo, que usa raios laser, identificará áreas de risco e zonas de alagamento na capital. Confira como funcionam essas tecnologias.
Sistema vai monitorar as chuvas
PREVENÇÃO Supercomputadores permitirão prever áreas de risco e criar planos de contingência para casos de enchentes e deslizamentos
Impedir a chuva é impossível. A tecnologia ainda não chegou lá. Mas com o uso de sensores eletrônicos e softwares já se pode identificar áreas de risco e criar planos de contingência para casos de enchentes e deslizamento de barreiras. Ontem, a governo do Estado inaugurou a Agência Pernambucana de Água e Clima (Apac), que além de contar com uma Sala de Situação (emergência) e sistema de monitoramento de rios e chuvas, ainda criará um cluster de supercomputadores dedicados à previsão do tempo.
O objetivo é obter dados detalhados num raio de até um quilômetro de precisão. Hoje, o Recife trabalha com previsões de cinco quilômetros, bem menos específicas. Segundo o gerente de meteorologia da Apac, Patrice Oliveira, o cluster atuará de forma distribuída já na próxima temporada de chuvas.
A quantidade de processadores na rede ainda não foi definida, mas quanto mais, melhor, diz Oliveira. Previsão meteorológica é a atividade computacional mais exigente de todas, afirma. A Apac já fechou parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Instituto Nacional de Previsão e Estudos Climáticos (Inpe) e com os demais Estados do Nordeste.
A agência também se valerá de uma tese de doutorado da UFPE para monitorar as cheias dos rios que abastecem a região. A pesquisadora paraibana Valéria Camboim Góes, em 2007, estudou um sistema para medição e controle de enchentes que, até agora, estava engavetado esperando para ser usado. A pesquisa serviu de base para um sistema de monitoramento que usa plataformas de coleta de dados (PCDs). Os instrumentos são usados para medir a quantidade de chuva e o aumento no nível dos rios em tempo real.
De acordo com a diretora de regulação e monitoramento da Apac, Suzana Montenegro, 16 PCDs já estão em operação. Outras 72 plataformas serão instaladas até o fim do ano. Os dados coletados pelas PCDs são enviados via FTP a cada 15 minutos, através de rede de telefonia móvel, para os técnicos do órgão. Os dados então são analisados, processados e enviados a outros centros de meteorologia do mundo, para gerar mapas mais completos.
Outra novidade é que esta semana a Prefeitura do Recife publicará o edital licitatório para a criação de um mapa georreferenciado da cidade. O mapa será usado com o plano de redução de riscos do governo municipal e deverá salvar as vidas e bens da população na próxima temporada de chuvas.
Não é a primeira vez que o Recife será georreferenciado. Em 2007, foi criado um mapa plano da cidade, que atualmente é usado pela Defesa Civil e outros órgãos. O método que será usado este ano utiliza feixes de laser com perfilamento de relevo para criar imagens tridimensionais da cidade. O sistema permite criar mapas topográficos do Recife, incluindo casas, prédios e outras construções, destaca o secretário de Controle e Desenvolvimento do Recife, Amir Schvartz.
Schvartz explica que o equipamento será montado em um helicóptero ou avião e sobrevoará o Recife escaneando a cidade faixa por faixa, do litoral à Zona Oeste. A aeronave sobrevoa a cidade fazendo varreduras, indo e voltando, em faixas desde a orla ao interior. O laser bate no chão, ou em outro obstáculo, e é refletido. A máquina então capta a informação a ser processada, diz.
Ele conta que prefeitura tem R$ 5 milhões do governo federal para a realização do projeto. Ele acredita que, em junho, o trabalho inicie e, em dezembro, o mapa seja entregue à secretaria. É o tempo necessário para o mapa ser incorporado aos nossos dados antigos, afirma.
O maior ganho do sistema é que será possível identificar pontos de alagamento, áreas onde há risco de deslizamentos e até a capacidade de absorção de água do solo. Ao contrário do mapa plano, o novo registro identifica depressões no terreno e áreas abaixo do nível do mar. Não chove da mesma forma em toda a cidade, assim como em nenhum local do Recife a água é escoada igualmente. Teremos condições de saber onde e como essas variações ocorrem e planejar, com antecedência de meses, ações de prevenção, diz o secretário.
Fonte : Jornal do Commercio